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Era do gelo - último máximo glacial

A Era do Gelo e os mamíferos brasileiros: preguiça-gigante e a anta

Se você é de uma região de temperaturas baixas, provavelmente sabe o quão fria é a sessão térmica de 7º C. Mas se sua região é de temperaturas quentes, faça o exercício de imaginar a sensação térmica de um refrigerador. O frio que reinava há cerca de 20 mil anos atrás era semelhante a essa sensação térmica, por volta de 7 a 8º C. Imagine essa temperatura em todo o mundo, um frio global. Assim foi a Era do Gelo, que ocorreu no período Pleistoceno.

No Pleistoceno ocorreram diversos períodos glaciais, caracterizados pelas quedas súbitas da temperatura da Terra. Você consegue imaginar que a Terra já passou por cinco períodos congelantes assim?! Foram eles: Glaciação Donau (há cerca de 2 milhões de anos), Glaciação Günz (há cerca de 700 mil anos) Glaciação Mindel (há cerca de 500 mil anos) Glaciação Riss (há cerca de 300 mil anos) e Glaciação Würm (há cerca de 150 mil anos). Essa última glaciação também é conhecida como Último Máximo Glacial.

As temperaturas eram tão baixas que a paisagem também passou por mudanças, como o congelamento de lagos e a redução do nível do mar. Os continentes eram cobertos por espessas camadas de gelo e a vida nessa Era só era possível para quem resistia às baixas temperaturas.

Ao longo de todas as glaciações, só há evidências de ancestrais humanos na última Era do Gelo, há cerca de 20 mil anos. Esses homens pré-históricos são chamados de cro-magnons. Os primeiros fósseis dessa espécie foram encontrados no ano de 1868, em uma caverna na região de Cro-Magnon, no sudoeste da França. Os fósseis tinham de 10 a 35 mil anos de idade.

Os cro-magnons tinham corpos robustos e musculatura forte. Foram considerados bastante altos se comparados a outras espécies primitivas de humanos, medindo de 1,66m a 1,71m. Tinha testa reta, e um rosto curto e largo e foram os primeiros humanos a apresentarem queixo arredondado e destacado. O cérebro dos cro-magnons era um pouco maior do que o do homem de hoje. Eles costuravam suas roupas, feitas de peles de animais, com agulhas de osso, cozinhavam alguns alimentos e construíam moradias, na ausência de abrigos naturais,

A sobrevivência dos cro-magnons se deu, principalmente na Era Glacial, em função de sua característica nômade. Eles estavam sempre mudando, na tentativa de se protegerem das transformações físicas e climáticas que ocorriam na Era Glacial.

Os mamíferos do Último máximo Glacial

A espécie humana não foi a única que viveu e sobreviveu durante as Eras Glaciais. Outros mamíferos também foram fortes sobreviventes. Entre os animais do Último Máximo Glacial, existiram tatus gigantes, mamutes, tigres-dente-de-sabre, cavalos, toxodontes, ursos, preguiças-gigantes, antas, etc. Esses dois últimos mamíferos citados serão nossos exemplos a seguir. Um extinto, outro não, mas ambos mamíferos que viveram nesse período congelante e que podem ser vistos de perto na exposição do Muses.

Preguiça-gigante

Pense em um mamífero gigante, com cerca de 4m de altura. Essa era a preguiça-gigante, um animal pré-histórico, já extinto, que viveu há cerca de 10 mil anos. A espécie teve origem na atual região da Patagônia, na América do Sul, tendo posteriormente migrado para países mais ao norte.

As preguiças-gigantes tinham o lábio superior e a língua num formato que facilitava agarrar a vegetação para se alimentar. Além disso, elas também possuíam garras que eram essenciais para apanhar as folhas, e os dentes eram adaptados para se alimentar de vegetais duros e fibrosos. A vegetação como um todo compunha a base alimentar desses animais, desde arbustos rasteiros até as árvores mais altas. Tudo o que se sabe sobre esses animais, hoje, é descoberto por meio do estudo dos fósseis.

Em 1834, por exemplo, foi encontrado na região metropolitana de Belo Horizonte, pelo paleontólogo dinamarquês Peter Wilhelm Lund, o fóssil de uma preguiça-gigante datado em cerca de 9 mil anos atrás. Ou seja, a espécie também ocorreu em solo brasileiro.

As preguiças-gigantes capixabas

Mas e o Espírito Santo? Será que esses imensos mamíferos também passaram por aqui?! A descoberta e estudo de fósseis apontam que sim. O Laboratório de Paleontologia do campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo - Ufes possui uma peça fóssil encontrada na localidade de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado. A peça é usada em pesquisas dentro da Universidade, mas já há planos de expô-la no Muses para visitação do público.

Além dessa peça, existem registros de outros fósseis da mesma localidade de Serra da Gironda em Cachoeiro de Itapemirim, esses estão no Museu de Ciências da Terra no Rio de Janeiro. Há ainda partes de fósseis que pertencem a uma família da região, dona da propriedade onde os fósseis foram encontrados.

As preguiças-gigantes pelo Brasil

O paleontólogo Cástor Cartelle e sua equipe recolheram cerca de 200 peças fossilizadas. Nomeado de Glossotherium phoenicis, o animal teria habitado São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia, Pernambuco e Paraíba, indo até a Venezuela. Os fósseis foram descobertos em abril de 2019.

Não se sabe ao certo o que levou à extinção da espécie, mas pesquisadores apontam que se deu por meio das caças realizadas pelos homens. Essa hipótese não é consenso e os que discordam acreditam que o fator principal foram mesmo as mudanças climáticas durante o período Pleistoceno. O grupo das preguiças-gigantes foi constituído por seis famílias e 88 géneros, todos extintos.

Anta

A anta, cientificamente conhecida como gênero Tapirus, é considerada o maior mamífero terrestre do Brasil e o segundo maior da América do Sul. O animal pode chegar a pesar 300kg e medir 242 cm de comprimento.

As antas são típicas desde o sul da Venezuela até o norte da Argentina e são comuns em áreas abertas e florestas, regiões próximas a corpos d’água. No Brasil são comumente encontradas na Amazônia, nas regiões de Mata Atlântica, no Cerrado e no Pantanal.

Mas como um animal que ocorre em regiões de altas temperaturas pode ter vivido na Era Glacial?! Simples! O gênero Tapirus conta com diferentes espécies e, apesar de o animal ainda existir, a espécie que ocorreu na Era do Gelo já foi extinta. As espécies que ocorrem hoje no Brasil são a Anta Terrestris e a Anta Kabomani. A espécie de Anta que viveu no período final da Era do Gelo foi a Anta Californicus e se extinguiu por volta de 13 a 11 mil anos atrás.

Assim como as espécies ainda vivas, acredita-se que a Anta Californicus era um grande animal solitário, tendo habitado principalmente as regiões costeiras do Sul da Califórnia. Estima-se que seu peso máximo é de 225 kg, e o comprimento era de 140 cm. Era um animal herbívoro e com uma dieta que contava com arbustos, folhas, plantas aquáticas, frutos e sementes. Pelo período, seus predadores eram o leão-americano, os paleoamericanos, o Smilodon, e o lobo pré-histórico.

A contribuição da Anta para o meio ambiente

A Anta é um animal que segue uma dieta frugívora, o que significa que se alimenta de frutos, plantas e folhas. É essa característica que faz dela um recurso fundamental para o equilíbrio do meio no qual ela está inserida.

Isso porque a Anta é considerada um importante dispersor de sementes, o que acontece por meio da sua defecação, assim como os Jacus (LINK). Esse comportamento faz com que a anta contribua, por exemplo, com a manutenção das florestas de palmeiras na América do Sul, principalmente com os buritis na Amazônia e Cerrado.

Por meio da Anta as sementes podem ser levadas para longe da planta-mãe, elas se alimentam desses frutos e depois defecam as sementes, como fazem isso na água, a dispersão de sementes acontece de modo eficiente. Por isso, são chamadas de "jardineiras da natureza".

Um mapeamento sobre a alimentação desse animal revelou que, na Venezuela, a Anta prefere se alimentar das plantas em clareiras ou em floresta secundária, evitando plantas com espinhos, comuns em localidades com vegetação mais densa. No Brasil, na parte da Amazônia, o animal se alimenta principalmente de frutos e sementes de plantas das famílias Fabaceae, Araceae e Anacardiaceae. Já no Cerrado, nas zonas de transição para a Mata Atlântica, esses animais se alimentam em geral de folhas e brotos. Em áreas alagadas, como o Pantanal, elas comem plantas aquáticas. E no Peru, elas optam pelos frutos de buriti, um fruto de palmeira, o tipo preferido da Anta de forma geral.

A ameaça de extinção

A ameaça de extinção deste animal ocorre muito em função da perda de habitat, fazendo com que a espécie seja cada vez mais rara nos biomas que registram sua presença: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal.

De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) a anta-brasileira consta como "vulnerável" na lista de animais ameaçados. Porém o cenário pode ser muito mais alarmante do que se imagina já que, até outubro de 2020, as queimadas nas regiões da Amazônia e Pantanal já eram superiores a de anos anteriores.

Com esse cenário, as características comportamentais deste animal só agravam a situação. A anta é um animal que tem um comportamento solitário. Desse modo, quando avistada em pares, provavelmente há uma fêmea em período de reprodução ou em unidades familiares, com filhotes. Além disso, a Anta tem um processo de reprodução lento e uma gestação pode durar mais de 400 dias, resultando em apenas um filhote por vez.

No Estado do Espírito Santo, assim como em outras regiões, a principal ameaça tem sido o desmatamento, a fragmentação das florestas e a caça, assim como também acontece com os jacarés-do-papo-amarelo (LINK). Além disso, muitas antas são atropeladas.

Estudos realizados por pesquisadores capixabas desenvolveram uma técnica que tem contribuído para as ações de conservação. Os pesquisadores conseguem identificar esses animais através do mapeamento das pegadas deles. No Espírito Santo esses animais ocorrem no norte do Estado.

O Estado capixaba conta com o Programa Pró-Tapir, que começou em 2011 com o monitoramento e a preservação das antas na Mata Atlântica do Espírito Santo, tendo crescido em 2019 para um projeto de monitoramento e proteção dos Ungulados na Mata Atlântica. A partir dessa mudança, as queixadas, os catetos e os veados passaram a compor, juntamente com as antas, a lista de animais monitorados e preservados pelo projeto, não só no Espírito Santo, mas em toda a Mata Atlântica.

A Anta no Muses

As peças expostas no Muses são esqueletos do animal e chegaram à instituição por meio de doação. São Antas que foram atropeladas na BR 101, no trecho que corta a reserva de Sooretama.Os animais atropelados foram coletados por pesquisadores da Ufes e doados para pesquisas realizadas no campus de Alegre da universidade. Entre as peças há vários crânios e ossos.


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