A Era Paleozóica
Você consegue imaginar como era a terra há mais de 500 milhões de anos? Consegue imaginar a configuração dos continentes, os seres habitantes e como seria a cidade que você mora hoje? A gente te ajuda.
Há aproximadamente 540 milhões de anos, a terra passava pelo que chamamos de Era Paleozoica. Essa Era perdurou por cerca de 300 milhões de anos da Escala do Tempo Geológico e divide-se entre seis períodos: Cambriano, Ordoviciano, Siluriano, Devoniano, Carbonífero e Permiano.
Durante a Era Paleozoica, os continentes estavam em fase de formação para então se tornarem o que conhecemos hoje com Pangeia. Um dos grandes marcos desse período é o surgimento da vida nos mares, onde peixes com mandíbulas e pares de nadadeiras são encontrados pela primeira vez; e o início da diversificação da vida na terra, que ocorre por meio do aparecimento de animais com exoesqueleto, aranhas, centopeias, insetos com asas, vespas, piolhos, besouros, cigarras, mariposas, além de muitos outros.
É também na Era Paleozoica que formam-se as primeiras geleiras onde surgem as primeiras florestas, sendo a Fauna do Folheto de Burgess um dos principais registros desse período.
A maioria das espécies encontradas na Era Paleozoica era restrita àquela época e foi extinta, porém alguns seres dessa Era ainda possuem “parentes” próximos vivos nos dias atuais, como o caso das Trilobitas, que viveram e foram extintas nessa Era.
As Trilobitas
Um dos seres mais importantes e mais abundantes da Era Paleozóica foi a Trilobita.
As Trilobitas eram seres marinhos que possuíam um esqueleto externo. Graças ao seu esqueleto e à sua abundância, inúmeros fósseis foram encontrados e possibilitaram diversos estudos sobre a era Paleozóica.
Trilobitas foram um dos primeiros artrópodes a surgirem no período cambriano e deram origem aos diversos grupos existentes hoje na fauna mundial.
Escorpiões, aranhas, borboletas, gafanhotos, caranguejos, siris, lagostas, pulgas e piolhos, são alguns exemplos de seres que carregam um parentesco em sua formação básica.
Durante seu desenvolvimento, as Trilobitas passaram por várias mudanças e trocaram de esqueleto. Por conta disso, acredita-se que um único exemplar pode ter originado diversos fósseis.
As trilobitas podiam chegar a medir até 80 cm, sendo mais comum que sua extensão estivesse entre 3 e 10 cm. Seu corpo era composto basicamente por 3 partes. A parte frontal — relativa à carapaça, olhos, boca e tudo digestivo — era denominada cefalão. O tórax, parte do meio do corpo, era articulado e composto por vários segmentos. A terceira e última parte da anatomia das Trilobitas era o pigídio, uma peça única que se localizava-se na parte posterior e se tratava de uma espécie de escudo caudal.
O esqueleto externo, bem característico da espécie e o que o diferencia dos demais, possui grande rigidez, dando assim a possibilidade de sustentação do corpo, além de ser coberto por uma camada de cera em sua superfície que proporciona a impermeabilidade.
Foram os primeiros seres a desenvolverem olhos complexos e, por conta disso, sua visão era extremamente apurada. As Trilobitas podiam apresentar dois tipos diferentes de olhos: os holocroidais, formados pela união de aproximadamente 15.000 pequenas lentes hexagonais que se agrupavam como as células de uma colmeia, cada uma apontando para uma direção diferente, porém todos cobertos por uma mesma córnea; ou então poderiam apresentar olhos esquizocroidais, cujas lentes eram bem amplas e arredondadas. Diferentes dos olhos holocroidais, que produziam uma imagem difusa, os olhos esquizocroidais produziam uma imagem bem nítida do que estava sendo observado.
A alimentação das Trilobitas ainda é uma incógnita. Especula-se que esses animais poderiam se alimentar de restos de animais ou até mesmo serem predadores carnívoros ou filtradores. Ainda que presente em todos os períodos da Era Paleozóica, as trilobitas se destacaram no período Cambriano, onde habitaram o topo de cadeia alimentar.
No Muses você pode encontrar alguns fósseis de Trilobitas que viveram na Era Paleozóica...
Período Cambriano (545-485 milhões de anos)
O período Cambriano marca o início da Era Paleozoica e se caracteriza principalmente pela expansão da vida. Nele, surgem os principais grupos de organismos marinhos e também um dos grupos mais importantes de invertebrados: os Trilobitas.
Neste período, os continentes ainda se encontravam agrupados e cercados pelo oceano, e a temperatura era elevada.
A expansão da vida marinha se deu basicamente pela falta de predadores, da mudança geoquímica (por conta da temperatura elevada) e também do aparecimento de conchas e recifes nos mares.
Período Ordoviciano (488-443 milhões de anos)
O período ordoviciano é marcado pela diversificação e disseminação de animais que possuem conchas, invertebrados e alguns peixes primitivos. Nesse período, a fauna se expandiu cerca de 4x mais em relação ao período anterior.
Ele inicia-se com uma baixa do nível dos mares, situação que depois é revertida para grandes inundações de terras antes emersas, dando origem à áreas de águas rasas. Em seguida têm-se o surgimento dos primeiros herbívoros móveis e também os carnívoros.
No período ordoviciano, os continentes estavam alocados no hemisfério sul. Por conta disso, chegando próximo ao seu final, o continente foi atingido por uma verdadeira era glacial, com uma das menores temperaturas já vistas, o que ocasionou a formação de geleiras e levou à maior extinção da Era Paleozóica.
Período Siluriano (443-416 milhões de anos)
O continente passa por uma das maiores glaciações já vistas. A maioria dos organismos foi extinta, restando apenas aqueles que conseguiram se adaptar às águas frias dos oceanos e às altas latitudes. Os mares perderam grande parte de sua diversidade, restando organismos muito específicos.
A era glacial se estendeu praticamente durante todo o período Siluriano. Somente no final dele a vida começou a se recuperar, dando origem a ecossistemas mais complexos do que aqueles vistos durante a expansão da vida no período Ordoviciano.
No período Siluriano os Trilobitas deixam de ser abundantes e surgem os primeiros peixes ósseos, bem como as primeiras plantas desprovidas de condutores de seiva.
Desse período datam os primeiros registros fósseis de artrópodes do grupo dos escorpiões, centopéias e aranhas. Esses artrópodes podiam viver tanto na água quanto na terra, o que deu origem à habitação de ambientes terrestres.
Período Devoniano (416-359 milhões de anos)
Devoniano, o período da vida marinha! É neste período que ocorreu um grande desenvolvimento da vida marinha: peixes, corais, trilobitas, etc. Mas principalmente dos peixes ósseos. Foi no Devoniano que surgiram também os primeiros registros dos tetrápodes, originados de peixes de nadadeiras lobadas.
Além disso, foi também nesse período, que algumas plantas, insetos e anfíbios deixaram o meio aquático e passaram a habitar terra firme. Com essa transição de ambientes, os níveis de C02 da porção terrestre foram reduzidos, o que posteriormente permitiu a formação de florestas.
No início do período, os continentes ainda se encontravam unidos e localizados no hemisfério sul. Já no final do período, algumas porções do continente começaram a migrar para o hemisfério norte e grande parte das comunidades de recifes, trilobitas, moluscos e a maioria dos peixes habitantes da porção norte do continente foram extintos. Já na porção sul do continente, permaneceram intactos.
Período Carbonífero (359-299 milhões de anos)
O período Carbonífero recebe este nome por ser o período onde se originaram importantes jazidas de carvão mineral. Diferente do que ocorreu no período cambriano, os Trilobitas começaram a entrar em declínio.
Nos mares, os peixes ósseos eram dominantes e no ambiente terrestre, grandes florestas com uma rica fauna de artrópodes surgia e serviam de habitat para os mais diversos anfíbios e répteis. Estes, por sua vez, evoluíram drasticamente durante o período carbonífero, especialmente no quesito reprodutivo, e tiveram sua diversificação durante o período Permiano.
A flora do período carbonífero se caracterizava por florestas tropicais, repleta de plantas arborescentes chegando a 45 metros de altura, com domínio de samambaias e afins. As florestas cresciam em torno dos mares e por isso eram ambientes úmidos.
Além do forte desenvolvimento das espécies, o período Carbonífero foi marcado por um grande acontecimento: a formação do Pangeia. Foi neste período que os continentes finalmente se uniram para formar o supercontinente.
Período Permiano (299-251 milhões de anos)
O período Permiano marca o fim da Era Paleozóica. Nele, os mais diversos insetos terrestres e vertebrados passaram a habitar a terra.
O principal evento do período é o fim da era glacial, culminando no fim das geleiras que até então cobriam grande parte do continente, possibilitando assim uma mudança climática que proporcionou a elevação da temperatura média da terra.
Além disso, com o choque das placas continentais, surgiram montanhas e com isso a modificação do regime de circulação dos ventos. Essa mudança culminou na aridização das regiões mais internas da Pangeia.
Com o aquecimento global causado pelo aumento da temperatura média da terra, tem-se a maior extinção já registrada em toda a história do planeta: a extinção Permo-Triássica, que dizimou cerca de 95% as espécies marinhas, incluindo todas as espécies de Trilobitas, corais e tabulados; e boa parte dos animais terrestres, como o plesiossauro, sinápsidos ( antecessores dos mamíferos) e diversos anfíbios.