Os sítios arqueológicos do sul capixaba
Você consegue imaginar a região do Espírito Santo há aproximadamente 6.000 anos? Por volta de 4.000 aC as civilizações mais importantes da história da humanidade começaram a se destacar em diversas partes do mundo: sumérios, egípcios, chineses, etc. Nessa época, importantes inovações na comunicação visual começaram a aparecer, bem como outras evoluções tecnológicas.
Na Região Sudeste do Brasil, mais especificamente no Espírito Santo, as primeiras populações começaram a surgir. Registros apontam que em 4.000 aC, parte do litoral já era habitado por índios que ainda permanecem por aqui. Fósseis encontrados na região de Serra da Gironda, em Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado contribuem para a validação desse fato.
Hoje, essa parcela populacional é representada pelos índios tupiniquim em Caieiras Velhas, Pau-Brasil e Comboios, localizados nos municípios de Aracruz e Linhares. A escolha do litoral se deu provavelmente pela farta oferta de alimentos pelo mar e pelo mangue. Ainda assim, estudos apontam que esses índios chegaram a habitar a região dos rios, em especial do rio Doce, Cricaré, Itapemirim, Santa Maria e Jucu.
Os sítios arqueológicos sambaquis
Sambaquis, também conhecidos como casqueiros, concheiros ou berbigueiros, são uma espécie de montes resultantes da atividade humana. Sua dimensão e forma variam por diversos fatores. Geralmente são compostos por moluscos advindos das mais diversas fontes (marinhas, terrestres ou de águas salgadas), esqueletos de seres pré-históricos, conchas e utensílios feitos de pedra ou osso.
Graças às populações indígenas que habitaram o Estado há cerca de 6.000 anos, o litoral do Espírito Santo se tornou berço de diversos sítios arqueológicos do tipo sambaqui. Isso porque os sambaquis são locais antigos onde grupos de índios se juntavam para comer moluscos, gerando assim uma área geralmente de formato cônico ou semi-esférico.
Inclusive, os nome “sambaqui” origina-se do da língua Tupi, sendo a mistura das palavras tamba, que significa “conchas”, e ki, que significa “amontoado”, definindo assim a sua principal característica que é ser uma espécie de “ilha” composta por, principalmente, conchas de moluscos utilizados como alimentação.
A baía de Vitória guarda os principais sítios arqueológicos desse tipo. E, apesar das intensas visitações, eles se encontram bem conservados, estando alguns deles praticamente intactos. Existem outros sítios próximos às regiões dos mangues, que tratavam-se de aldeias pré-históricas, mas a sua maioria localiza-se no litoral espírito-santense.
O primeiro sambaqui estudado foi descoberto na Dinamarca e data de cerca de 4.000 aC. Porém, os maiores sambaquis do mundo estão localizados no Brasil. O litoral do Estado de Santa Catarina abriga o maior deles, com 25 m de altura e centenas de metros de extensão, datando de aproximadamente 5.000 anos. Outros locais como Amazonas e Xingu também têm registros.
Diversos pesquisadores divergem no que tange ao real objetivo dos sambaquis. Alguns dizem que esses locais seriam depósitos de restos de alimentos, como carcaças e ossadas de animais, bem como para abrigo de sepulturas humanas, porém nunca como moradia. Já outros pesquisadores afirmam acreditar que, sim, os sambaquis podem ter sido uma espécie de acampamento temporário para os habitantes pré-históricos, o que explica a descoberta de restos humanos nesses locais.
Dentre as diversas espécies de moluscos encontradas nos sambaquis, destacam-se os Gastrópodes, em especial o Cassis e o Adelomelon.
Os gastrópodes são animais que podem ser aquáticos ou terrestres, o importante é que seja um ambiente úmido. Os gastrópodes aquáticos respiram por meio de brânquias, já os terrestres contam com pulmões. Compõem a classe dos gastrópodes, o caracol, caramujo, e, a lesma, os búzios, as lapas, as litorinas etc. Uma das principais características do grupo é a concha única e em espiral.
Entre os moluscos, os gastrópodes formam a classe mais diversificada, são cerca de 45 mil espécies vivas e 15 mil espécies fósseis.
No geral, a maioria dos gastrópodes são animais de movimentos lentos que se arrastam sobre o solo, há também espécies nadadoras. Eles podem ser microscópicos ou gigantes, como os Cassis e os Adelomelon que podem chegar a cerca de 40 cm de comprimento ou como o Pleuroploca, um caracol com uma concha que passa dos 60 cm e o Aplysia que chegam a ultrapassar 1m de comprimento. Mas normalmente, a maioria dos gastrópodes variam de 1 a 8 cm e podem ocorrer em águas doce e salgada.
Apesar do grande tamanho e diversidade desta classe, ela só se distinguem três subclasses: prosobrânquios, opistobrânquios, sendo a maioria gastrópodes marinhos e os pulmonados, que inclui todos os gastrópodes terrestres e a maioria dos de água doce. Eles possuem grande importância econômica, por conta de suas conchas, que podem ser aproveitadas na produção industrial, bem como por sua carne.
Além disso, os gastrópodes são bioindicadores de poluição natos, e também funcionam de habitat para outras espécies e plantas.
Apesar de algumas espécies transmitirem doenças e serem consideradas verdadeiras pragas de plantações, os gastrópodes são de grande importância paleontológica, graças a facilidade de fossilização de suas conchas, o que permite o estudos de eventos do passado, como idade de rochas e hábitos alimentares da população pré-histórica.
Cassis e Adelomelon: os gastrópodes do Muses
Dois dos principais gastrópodes que compõem a maioria dos sítios arqueológicos do tipo sambaqui encontrados no Espírito Santo podem ser observados no Muses.
As peças chegaram ao Muses por meio de doação do XXXXXXXXX. Esses animais têm grande importância no ecossistema capixaba por conta do seu caráter bioindicador de poluição, como já mencionado. Eles costumam ocorrer especialmente nas regiões XXXXXXX do Espírito Santo. Tais espécies datam de aproximadamente XXXXXXX.
Gastrópode Cassis
O Gastrópode Cassis, também conhecido como Búzio, trata-se de um gênero de molusco marinho predador que pertence à família Cassidae. Estão presentes geralmente em costas rasas do oceano Atlântico, Índico e Pacífico, onde o clima é tropical. São muito conhecidos por suas conchas, que podem chegar a 40 cm e servem como objetos de decoração e como alimentação.
Muito comum nas regiões de recife de Pernambuco, o Cassis se alimenta majoritariamente de ouriços e bolachas-de-praia. Por meio da utilização de ácido sulfúrico, ele corrói o esqueleto da presa e depois, com seu aparelho bucal, ele “raspa” a parede interna do corpo da presa.
Gastrópode Adelomelon
O Gastrópode Adelomelon pertence à família Volutidae e é um molusco predador. Trata-se de um molusco gigante que contém o maior caramujo do Atlântico ocidental e também um dos maiores gastrópodes marinhos do mundo, podendo sua concha chegar a até 49 cm de comprimento.
Estão geralmente localizados na região sudoeste do Oceano Atlântico, mais especificamente entre o sul do Espírito Santo e a Terra do Fogo, na Argentina.