Insetos
Se o mundo fosse dominado pelo maior grupo de seres vivos nós humanos passaríamos despercebidos. Isso porque em número quem ganha são os pequenos e “inofensivos” insetos. A média estimada em estudos é de cerca de 200 milhões de insetos por ser humano. Já pensou?! Duzentos milhões de insetos para cada ser humano.
Os insetos são o grupo mais diverso de organismos, e em quantidade eles não ganham apenas dos humanos, mas de qualquer outro grupo. No mundo, mapeado há 900 mil tipos diferentes de insetos vivos. Mesmo o grupo sendo composto por um número tão expressivo, há estudiosos que acreditam que no mundo há mais espécies de insetos que não foram descritas (nomeadas pela ciência) do que espécies de insetos que foram nomeadas. Alguns arriscam até estimativas, as conservadoras sugerem que o número é de 2 milhões, mas há estimativas mais ousadas que chegam a 30 milhões.
A classe Insecta está presente desde antes do surgimento dos vertebrados. Para se ter uma ideia, o primeiro fóssil dos insetos data de 410 milhões de anos (devoniano). O desenvolvimento e dissipação dos insetos está diretamente relacionado com a evolução das plantas no período devoniano, porém, neste período existem apenas registros de insetos terrestres, ainda assim o grupo dos insetos foi o primeiro a conquistar o voo, por volta de 300 milhões de anos atrás (carbonífero).
A evolução no grupo dos insetos que fez surgir as asas, foi um marco. As asas possuem uma estrutura muito complexa, formada por um par de estruturas, por onde passam veias que irrigam de forma eficiente o voo que demanda muita energia. As asas só se tornam funcionais no estágio de vida adulta. Os efeitos do surgimento das asas promovem uma dispersão mais rápida e facilitam a procura de novos ambientes em casos de condições adversas. O voo também aprimora a capacidade de procurar um parceiro sexual, além de ser uma ferramenta poderosa para escapar de predadores, bem como nas buscas por seu próprio alimento.
Em sua morfologia externa, são divididos basicamente em cabeça, tórax e abdome. Possuem uma cutícula de quitina, promovendo proteção, suporte para locomoção e uma camada de cera que previne contra a dessecação.
Os insetos do Muses
O Muses conta com peças de dois insetos chamados de insetos alados, que são os insetos que voam, que possuem asas, ou seja, espécies evoluídas e que datam de por volta de 300 milhões de anos. No acervo da instituição há espécies de dois grupos, Lepidópteros e Coleópteros, conhecidos popularmente como Borboletas e Besouros respectivamente.
Lepidoptera
Com 150,000 espécies no mundo (16 % de todos os insetos viventes), as lepidópteras são a segunda maior ordem de insetos, e o Brasil é o país com a quarta maior diversidade dessa espécie, contando com 5000 espécies conhecidas, contudo é o grupo com maior número de representantes na lista de ameaças do país.
Demonstram grande valor ecológico por fazerem parte de várias cadeias tróficas, são bioindicadores de qualidade ambiental e monitoramento de fauna, além de demonstrarem grande importância para o reino vegetal por serem polinizadores, ou seja podem até ser pequenas e parecerem frágeis mas geram um impacto positivo no equilíbrio ecológico.
No caso das Lepidopteras a polinização ocorre como uma consequência de sua alimentação, que varia desde o néctar das flores até outras formas de obtenção de sais minerais, retirados de suor e lágrimas de outros animais, poças d’água, terra úmida, resinas de árvores e até fezes e animais em decomposição. Para se alimentar, as Borboletas e mariposas utilizam uma estrutura de sucção chamada “espirotromba”, que fica enrolada e se desenrola na hora da alimentação. Algumas borboletas podem se tornar venenosas de acordo com as substâncias que ingerem.
O grupo das Lepidópteras possuem metamorfose completa, passando pelas fases de ovo, larva, pupa e adulto, podendo variar o número de ovos e a disposição dos mesmos de acordo com a espécie.
Uma das características mais marcantes do grupo são suas asas formadas por redes complexas de escamas sobrepostas, daí o nome do grupo (“lepis” = escama “pteron” = asas). Os diferentes formatos, cores e arranjos dessas escamas, formam diferentes padrões de coloração das asas, que além de encantadoras podem ter funções essenciais à sobrevivência e interação do grupo. Isso porque, alguns padrões em asas de borboletas funcionam como mecanismo de disfarce, confundindo predadores. Um bom exemplo são as borboletas corujas do gênero Caligo, ou popularmente chamadas de borboletas corujas, isso porque suas asas se assemelham aos olhos de uma coruja, fazendo o predador pensar que é uma coruja, um ser que normalmente não atacaria. Assim a borboleta sai ilesa.
Outra forma de despistar o predador é através da camuflagem, onde os padrões das asas imitam cascas de árvores, folhas, etc. Além da proteção contra predadores, alguns estudos indicam a possibilidade de outras funções para os padrões de asas de borboletas, como comunicação sexual, ou indicação de presença de alimento em determinado lugar.
Mas como dito, o grupo das Lepidopteras é formado por Borboletas e mariposas, mas como diferenciá-las? A melhor forma de diferenciação, é pelo pouso. As borboletas sempre pousam com as asas fechadas e abrem ocasionalmente, já as mariposas sempre pousam com as asas abertas.
Coleópteros
Com rica diversidade, o grupo dos Coleópteros possui 350.000 espécies no mundo (40 % de todos os insetos viventes), e a maior ordem entre os organismos vivos.
As características das espécies deste grupo permitem sua adaptação a ambientes pequenos e apertados, além disso ainda possuem a capacidade de voar. Veja quais são as principais características:
Um par de asas rígidas, chamadas de “Elytra” que cobrem e protegem o abdome e as asas posteriores. Pouco contribuem para o voo
Um par de asas posteriores, com capacidade de se dobrar longitudinalmente e transversalmente de maneira complexa, permitindo que fiquem “guardadas” embaixo das Elytras. Essas asas posteriores se dobram devido ao movimento de contração e relaxamento de músculos na base das asas.
Protórax (região onde ficam as primeiras patas) bem desenvolvido, com estrutura rígida conferindo a espécie proteção como um escudo.
Corpos achatados, genitálias reduzidas e internas em ambos os sexos.
Essas são algumas das características que permitem aos besouros se adaptarem a diferentes condições ambientais, buscando refúgios facilmente em condições adversas, além de proteção contra microrganismos e parasitas.
Alguns besouros são conhecidos por infestar plantações e se tornarem pragas agrícolas, sendo frequentemente ameaçados pela expansão urbana e agrícola em ambientes não equilibrados. Em contrapartida, algumas espécies predadoras podem ser utilizadas no controle de outras pragas, como por exemplo as joaninhas, que fazem o controle de pulgões que são consideradas pragas de roseiras e plantações de citrus.
Insetos no Espírito Santo
No Estado do Espírito Santo, existem mais de 4000 espécies de insetos catalogados, sendo destes, 1440 espécies de Coleópteros e 538 espécies de Lepidópteros, os grupos que podem ser visitados no Muses. INCLUIR OS OUTROS GRUPOS.
No Estado é comum notícias de invasões de insetos em casas, ou rápidas proliferação e expansão de algumas espécies, principalmente nas estações mais quentes e chuvosas. Eventos como esses alertam para o desequilíbrio ambiental, destruição de hábitats e extinção de espécies essenciais para a manutenção ecológica.
Quando o assunto é equilíbrio, a relação da agricultura com os insetos se torna um verdadeiro desafio. Isso porque entre as inúmeras espécies de insetos, há aquelas que são consideradas pragas para as plantações, mas também há muitas espécies que são polinizadoras.
Diante desse dilema, o desenvolvimento do setor agrícola, por muitas vezes, pode representar uma ameaça ao equilíbrio populacional de insetos, já que na busca por eliminar os insetos tidos como pragas, através do uso deliberado de agrotóxicos e pesticidas, esses recursos agrícolas afetam insetos polinizadores, desencadeando desequilíbrio no ambiente em questão.
Neste contexto, o incentivo a sistemas de produção agrícola mais orgânicos e ecológicos como as agroflorestas e pequenos produtores rurais, são também um grande estímulo à manutenção de um ambiente preservado e consequentemente à preservação dos insetos.
Da agricultura para a saúde!
Uma relação de desequilíbrio com os insetos pode levar a resultados avassaladores. Na agricultura, como destacado, isso pode se dá pelo excesso ou pela escassez populacional de algumas espécies, que leva à danos ambientais. Mas e na saúde, você imagina quais os impactos que podem ser gerados pelos insetos?
A resposta para essa pergunta não é nada animadora, já que os impactos gerados colocam os insetos como o ser que mais mata humanos por ano. Isso porque os mosquitos, insetos da família Culicidae, transmitem uma série de doenças mortais, Dengue, Chikungunya, Zika e da Febre Amarela
Dados recentes indicam que os mosquitos matam, em média, 725.000 pessoas por ano no mundo. No Brasil, dentre as doenças transmitidas pelo inseto, a dengue é a que mais mata brasileiros. O maior pico registrado nos últimos anos foi em 2015, quando o país chegou a um total de 986 pessoas mortas pela doença. Em 2019 esse número chegou a 782 pessoas mortas.
Mesmo diante de uma fauna repleta de grandes animais, a maior ameaça para o ser humano hoje, não passa de 7 milímetros.