FÓRUM DA IMAGEM - CONSTRUÇÃO DE IMAGENS URGENTES

A imobilidade na produção e o que isso diz sobre os artistas contemporâneos

A imobilidade na produção e o que isso diz sobre os artistas contemporâneos - Amanda Amaral & Lindomberto Ferreira Alves

ISTO NÃO É UM TEXTO CURATORIAL*

Amanda Amaral & Lindomberto Ferreira Alves


* Parte-se, aqui, de um pormenor textual (de uma brevíssima nota processual acerca de um procedimento curatorial, entre tantos) que seria, para nós, junto ao pedagogo e pesquisador Elisandro Rodrigues, uma imagem possível; uma tentativa de margear, de arrodear, quiçá de roçar a experiência do ver, do escrever e do dizer a imagem. Afinal de contas, como nos lembra o filósofo e historiador da arte Georges Didi-Huberman, não importa o que se faça, o que há é somente imagens, e cada imagem só é somente compreendida na sua relação com as outras. Ressalva-se apenas o termo ‘compreendida’ na frase anterior – pois o que percebemos é que a compreensão envolve e tensiona, irremediavelmente, as percepções de quem as coloca em relação. Isto posto, indagamo-nos: como então pensar a construção de imagens urgentes, sendo que a produção da imagem em si mobiliza urgências das mais distintas? Ou, ainda, de modo mais específico, quais urgências essas imagens são capazes de nos comunicar quando confrontadas umas com as outras? Uma saída para essas questões é encontrada junto ao próprio Didi-Huberman, quando ele nos convida/convoca a pensar a imagem por montagem: um modo de conhecimento da imagem que exprime a sua exuberância, a sua complexidade e a sua sobredeterminância temporal. A montagem, diz ele, “escapa às teleologias, torna visíveis as sobrevivências, os anacronismos, os encontros de temporalidades contraditórias que afetam cada objeto, cada acontecimento, cada pessoa, cada gesto.” (DIDI-HUBERMAN, G. Quando as imagens tocam o real. Pós, Belo Horizonte, v. 2, n. 4, p. 204-219, nov. 2012. p. 212). Trazendo esta reflexão para o contexto do presente procedimento curatorial, não se trata, aqui, da vã e insuficiente questão de pensar sobre as imagens submetidas ao eixo/texto “A imobilidade na produção e o que isso diz sobre os artistas contemporâneos”; mas, sim, de pensar com/junto a elas. E pensar com/junto a elas, por meio da montagem, é, de um modo ou de outro, instaurar uma visão caleidoscópica, uma visão expandida, que faz com que emerjam vários pontos de vistas de uma mesma imagem, aguçando, assim, a percepção à amplitude e à complexidade interna às urgências que evocam. De maneira que, parafraseando o filósofo e historiador Michel De Certeau, possamos todos nos tornar, para além de críticos, curadores e historiadores, ávidos montadores e, portanto, exímios arqueólogos dessas tramas do invisível. Assim, longe de estabelecermos, aqui, qualquer narrativa pretensamente totalizante sobre as imagens de Ana Luíza Pio, Camila Beatriz, Carol Muñoz, Casü, Charles Cunha, Duda Viana, Gabi Faryas, Gabriel Lordello, Heitor Andrade, João Victor Soares, Larissa Godoy, Leonardo Sousa, Liliana Sanches, Marcos Martins, Maria, Powllak e Rebecca França Viana – que compõem a curadoria do eixo “A imobilidade na produção e o que isso diz sobre os artistas contemporâneos” – propomos, a partir da montagem acima (uma entre tantas possíveis), pensarmos com/junto a elas. Espera-se, com essa tática, que ela acenda o interesse e convide – ou, mesmo, seduza – o espectador a compor, a partir desta, o desejo de outras tantas montagens com/junto a essas imagens; atentando, assim, para as complexidades que orbitam o estar diante delas. Para acompanhar algumas possíveis relações engendradas e forjadas por nós, entre essas imagens e a partir desta montagem, acesse: <https://www.instagram.com/_furta_cor/>.


A imobilidade na produção e o que isso diz sobre os artistas contemporâneos

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