<<paralisia-fluxo-urgência>>
Esther Almeida & Luis Maria
Nos deparamos com distintas formas de se explorar o “fim” do mundo captadas em imagens. Brincamos com elas, nos afetamos por elas. Inventamos narrativas e tecemos diálogos imaginários - mas absurdamente possíveis e reais. Nos perguntamos tantas vezes que caminho essas fotografias fizeram até chegarem aqui, que processos elas escondem (e revelam).
Urgência e distância têm sonoridades parecidas, impulsionam aproximações intensas. Viver na distância é viver na urgência do contato, no desejo feroz de construir novos diálogos e possibilidades. Reinventar as trocas, pensar em formas outras de se expressar e sentir o mundo em todas as suas transformações incessantes.
Poderíamos pensar uma estrutura narrativa de início-meio-fim, mas ela pouco fala pela urgência, a engessa e a torna linear. Os três tempos mencionados se embaralham em um fim-início-meio, se tencionam em tempos de fim-fim-fim, e se recombinam em temporalidades que tomam formas além.
“É possível ser bucólico marginal em um espaço urbano?”. Ao receber esse questionamento, não imaginávamos o quanto ele ressoaria em nosso olhar. As fotografias (re)constroem o bucólico marginal, e de formas múltiplas respondem isso para nós, pensando coletivamente todos os processos subjetivos que abarcam o momento presente. Cada artista experimentando a sua maneira os desdobramentos que a vida apresenta, em espaços e momentos variados, mas intimamente conectados.
Conectados pela potência dos caminhos, pela força das possibilidades. Nas previsões do tarô, nas incertezas das futuras projeções, em todas as alternativas e expectativas, nas curvas e encruzilhadas do viver. Acreditamos nos processos compartilhados - como esse - enquanto forma de cura e resistência, na continuidade dessas trocas que reverberam infinitamente. Esse é o resultado de uma exploração inacabável, e nela seguimos. Caminhos abertos.
Bucólico Marginal