Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo originalmente era uma ordem religiosa e militar, criada a 14 de março de 1319 pela bula pontifícia Ad ea ex-quibus do Papa João XXII, que, deste modo, atendia aos pedidos do rei Dom Dinis. Recebeu o nome de Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo e foi herdeira das propriedades e privilégios da Ordem do Templo.
Em Maio desse mesmo ano, numa cerimónia solene que contou com a participação do Arcebispo de Évora, do Alferes-Mor do Reino D. Afonso de Albuquerque e de outros membros da cúria régia, o rei Dom Dinis ratificou, em Santarém, a criação da nova Ordem.
Foi-lhe concedida como sede o castelo de Castro Marim; mas em 1357 já a sede tinha sido instalada em Tomar, anterior sede templária.
Em 1789 a Ordem de Cristo foi secularizada, tornando-se uma ordem honorífica até sua extinção, em 1910, com a implantação da República Portuguesa. A ordem foi refundada em 1917 como a Ordem Militar de Cristo e é presidida pelo seu grão-mestre, o Presidente da República Portuguesa.
Ordem de Cristo
Antecedentes e criação
Nos séculos XII e XIII, a Ordem dos Templários ajudou os portugueses nas batalhas contra os muçulmanos, recebendo como recompensa extensos domínios e poder político. Os castelos, igrejas e povoados prosperaram sob a sua protecção. Em 1314, o papa Clemente V de origem francesa e Felipe IV de França, tentaram destruir completamente esta rica e poderosa ordem (assassínios, absorção de bens, atrocidades, que levariam Fernando Pessoa a afirmar a luta contínua contra a Tirania, a Ignorância e o Fanatismo, segundo ele, os três assassinos de Jacques de Molay, Grão Mestre da Ordem), tendo D. Dinis logrado transferir para a Ordem de Cristo as propriedades e privilégios dos Templários.
A Ordem de Cristo foi assim criada em Portugal como Ordo Militiae Jesu Christo pela bula Ad ae exquibus de 15 de março de 1319 pelo papa João XXII, sendo rei D. Dinis, pouco depois da extinção da Ordem do Templo. «Tratava-se de refundar a Ordem do Templo que anterior bula papal de Clemente V havia condenado à extinção».
Diz a mesma obra : «Em Portugal, os bens dos Templários ficaram «reservados» por iniciativa do rei, transitando para a coroa entre 1309 e 1310, enquanto decorria o «processo», não sem que o monarca rejeitasse o administrador nomeado por Clemente V - Estêvão de Lisboa. Esses mesmos bens passaram indemnes para a nova congregação em 26 de novembro de 1319, sendo que o papa concedera a excepção aos reis de Castela e Leão, Aragão e Portugal, que se coligaram para contrariar a execução da medida que ordenava a sua transferência para a Ordem do Hospital.» «Por Carta Régia feita em Santarém, a 26 de Novembro da era de 1357 (15 de Novembro de 1319), se mandou fazer a entrega a D. Gil Martins, 1º Mestre da Ordem de Cristo, de todos os bens, rendas e direitos que foram da Ordem do Templo, tanto Espirituais, Temporais, e dívidas.»Mapa onde mostra Macau e a sua posição nas rotas comerciais portuguesas e espanholas, no seu período mais próspero (finais do séc. XVI e princípios do séc. XVII).
A nova Ordem surgia, assim como uma reforma dos Templários. Tudo mudou, para ficar mais ou menos na mesma. O hábito era o mesmo, a insígnia também, com uma ligeira alteração, e os bens, transmitidos pelo monarca, correspondiam aos bens templários. «Foi-lhe dada a regra cisterciense», continua a mesma Enciclopédia, «e nomeado mestre D. Gil Martins, igualmente mestre da Ordem de Avis, que adoptara a regra cisterciense, com a determinação de que os novos monges elegessem seu próprio mestre, depois da morte daquele. O superior espiritual da Ordem de Cristo era o abade de Alcobaça.»
A 11 de junho de 1421, um capítulo reunido em Tomar adoptou como regra da Ordem de Cristo a da Ordem de Calatrava, o que resolvia quaisquer pendências de natureza espiritual e de obediência, mantendo-se na esfera da cavalaria.
Planta do Templo de Salomão e algumas de suas linhas de construção que podem ter servido de inspiraç...
As viagens marítimas
O cargo de mestre passara após 1417 a ser exercido por membros da Casa Real, que se passaram a nomear administradores e governadores por nomeação papal.
O primeiro foi o infante D. Henrique, «que a encaminhou para o que parecia ser sua «missão» inicial, a de conquista da Ásia, através das viagens marítimas, que a própria ordem financiou.»
Os ideais da expansão cristã reacenderam-se no século XV quando seu Grão-Mestre, Infante D. Henrique, investiu os rendimentos da Ordem na exploração marítima. O emblema da ordem, a Cruz da Ordem de Cristo, adornava as velas das caravelas que exploravam os mares desconhecidos.
O resultado disso é que em 1454 e 1456, através de bulas do Papa Nicolau V e do Papa Calisto III respectivamente, é concedido ou dada obrigação à Ordem de Cristo de estabelecer o direito espiritual sobre todas as terras descobertas, como territórios nullius diocesis, sendo sua sede diocesana a Igreja de Santa Maria do Olival, em Tomar.
Mapa onde mostra Macau e a sua posição nas rotas comerciais portuguesas e espanholas, no seu período...
A Cruz da Ordem de Cristo marcava as velas das caravelas que exploravam os mares desconhecidos.
A vila de Olinda e o porto do Recife no fim do século XVI.Do códice da Biblioteca da Ajuda: Roteiro...
Mestres da Ordem de Cristo
Desde 1420, com a nomeação do Infante D. Henrique como Governador da Ordem de Cristo, a administração desta não mais sairá das mãos de infantes da família real ou do próprio Rei. A partir de 1495, o mestrado da Ordem será sempre desempenhado pelo Rei e depois pelos Presidente da República.
Patrimônio sob tutela da Ordem:
Castelo de Almourol
Castelo de Folgosinho
Castelo de Nisa
Castelo de Montalvão
Castelo de Mogadouro
Castelo de Penas Róias
Castelo de Penha Garcia
Castelo de Pombal
Castelo de Rosmaninhal
Castelo de Segura
Castelo de Soure
Castelo de Tomar
Castelo do Zêzere
Convento de Cristo
Torre de São Vicente de Belém
Bandeira da Região Autónoma da Madeira, que ostenta a Cruz da Ordem de Cristo, em lembrança dos seus...
Bandeira do Leal Senado.
Características da cruz da Ordem de Cristo
As serifas das extremidades das hastes da cruz da Ordem de Cristo formavam ângulo de 45 graus com a sua base, não importando o comprimento das hastes.
Este símbolo encontra-se também presente em inúmeras bandeiras de municípios brasileiros e concelhos e freguesias portuguesas.
Desenho esquemático do octógono originando o logotipo da Ordem de Cristo. É possível observar que a...
Utilização
Existem inúmeros municípios brasileiros que possuem a imagem da Cruz da Ordem de Cristo na sua Bandeira ou em seu Brasão. Algumas vezes a imagem é estilizada e modificada, não correspondendo ao formato original da Cruz da Ordem de Cristo. Exemplos:
Angra dos Reis, Arujá, Barra Mansa, Barueri, Batatais, Barra (Bahia), Cajamar, Cananeia, Caraguatatuba, Florianópolis, Iguapé, Joinville, Lins, Maruim_(Sergipe), Nova Granada (São Paulo), Paranaguá, Pelotas, Piracicaba, Porto Alegre, Porto Seguro, Praia Grande, Santa Bárbara d'Oeste, Santa Mariana, São Paulo, São Sebastião, São Vicente (SP), Várzea Paulista, Vera Cruz (Rio Grande do Sul), Vila Velha (ES);
Tanto a Seleção Portuguesa de Futebol quanto a Seleção Brasileira de Futebol, bem como o Club de Regatas Vasco da Gama ou o Clube de Futebol "Os Belenenses" possuem a imagem estilizada da Cruz da Ordem de Cristo nos seus símbolos (exemplo (Seleção do Brasil)).
A Estrada Real ou a Estrada Real (turismo) também utiliza a Cruz no seu Escudo Escudo da Estrada Real.
Na bandeira do Império do Brasil, a cruz encontra-se no centro do escudo inglês verde e é envolta pela esfera armilar dourada.
Bandeira do Império do Brasil (1822-1889)